Recentemente, o CADES-Jabaquara firmou uma parceria com a SMSUB – Secretaria Municipal das Subprefeituras – para desenvolver um jardim de chuva no bairro. Esse foi um projeto piloto no Jabaquara, tanto pelo projeto inovador e metodologia de execução, quanto pela participação da sociedade civil. O Jardim de chuva foi um projeto coparticipativo elaborado pela equipe técnica da SMSUB e arquitetas Marianne Branco e Marlene E. Bicalho, conselheiras do CADES-JA. Tratou-se de um reestudo de uma área impermeabilizada, com canteiros altos e uma aduela de drenagem elevada, frequentada por usuários de drogas. Além disso, havia muita sujeira em suas canaletas que gerava risco à segurança e insalubridade à vizinhança.
O jardim de chuva é importante elemento de infiltração de águas para combate a inundações e traz benefícios à biodiversidade e pessoas
A área foi estudada para entendimento do caminho percorrido pelas águas das chuvas vindas do ponto alto da bacia, região do Metrô Jabaquara, e pela contribuição vinda da rua dos Jatobás. Foram definidos dois canteiros pluviais e entradas de água em locais estratégicos a fim de captar e distribuir as águas por meio de canaletas, que chegam a três zonas de infiltração. As águas das chuvas são enfim depositadas nas bacias rebaixadas para a infiltração, sendo tratadas tanto quanto possível, por plantas capazes de metabolizar parte dos poluentes químicos.
O que são os jardins de chuva?
“Jardins de chuva são uma das diversas opções das soluções baseadas na natureza relacionadas à microdrenagem. Contribuem para a redução dos alagamentos, principalmente se forem vários e situados acima dos pontos críticos de inundações. Permitem a filtragem das águas pelo uso correto das plantas e recarga dos lençóis freáticos, pois permitem a infiltração das águas, amenizando impactos ocasionados pela impermeabilidade do solo nas cidades, causada pelo modelo de ocupação do solo. São como “esponjas” das águas de chuva e trazem benefícios à biodiversidade, como a fauna de pequeno porte, como polinizadores e microbiota do solo” explica a arquiteta Marianne Branco, Conselheira do CADES-JA.
Como é feito um jardim de chuva?
“Os jardins de chuva são feitos em uma área escavada com pelo menos 1,00m de profundidade na parte do infiltrante da área, a qual é preenchida com entulho não contaminado, paralelepípedo ou rachão. Sobre esse material drenante usa-se brita e areia e uma camada de terra de boa qualidade, com composto orgânico e abubo. São plantadas espécies de pequeno ou médio porte, preferencialmente nativas do bioma, com propriedades de fitorremediação, que é o tratamento dos poluentes existentes nas águas escoadas pelo asfalto. O impacto positivo deste sistema está no ciclo hidrológico: um jardim recebe a chuva diretamente e irriga suas plantas, que evapotranspiram a umidade para o ar e infiltram água em melhores condições”, descreve a arquiteta Marlene E. Bicalho, Conselheira do CADES-JA.
O projeto
O redesenho do jardim da r. das Grumixamas x r. do Jatobás incorporou em sua proposta melhorias de calçadas, acessibilidade e áreas de descanso com bancos valorizando o conceito de “cidade para pessoas”. Além disso, foram plantadas duas mudas de Grumixamas (árvore frutífera nativa), em homenagem ao nome da rua, e uma Jabuticabeira doada por uma vizinha, que acompanhou ativamente o processo de implantação.
As próximas etapas do projeto contemplam reparos no asfalto ainda não concluídos, implantação de sinalização viária, incluindo faixas de pedestres, a adoção do espaço pelo Programa Adote uma Praça e um lindo mural com temática das águas no espaço urbano.
O Campanha “Mural das Águas do Jardim de Chuva”.
Com as obras civis concluídas, o conselho buscou ajuda para realizar mais uma etapa do projeto: o Mural das Águas. Trata-se de uma intervenção artística que será realizada no muro ao lado do jardim de chuva e fará parte das iniciativas de educação socioambiental e conscientização que serão trabalhadas junto à comunidade.
“Buscamos apoio do poder público e patrocínio privado, mas não tivemos sucesso. Então, o espírito comunitário falou mais alto e decidimos montar uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar o mural”, relatam as conselheiras do CADES-JA.
A campanha viabilizou uma ajuda de custo, solicitada pelo artista urbano Zezão, cujo trabalho dialoga diretamente com o tema das águas em meio urbano, com suas formas fluidas em uma arte aplicada em locais inusitados ou inóspitos. A adesão dos moradores à campanha foi fundamental e permitiu a realização do mural, que será implantado em breve.