Janeiro Roxo: cidade de São Paulo reduz em 68% os casos de hanseníase

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O mês Janeiro Roxo é dedicado à conscientização sobre a hanseníase, doença para a qual o Brasil ocupa a segunda posição mundial em número de diagnósticos, de acordo com o Ministério da Saúde. Na cidade de São Paulo, no entanto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio de um trabalho sistemático, reduziu em 68% o número de casos, cumprindo a meta de controle preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de menos de um registro por 100 mil habitantes.

Levantamento da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da SMS, mostra que a ocorrência da doença está em queda. Em 2007, foram confirmados 311 novos casos; já em 2023 foram 102 novos casos, e em 2024, um total de 97 diagnósticos positivos.

Em média, a rede municipal realiza o tratamento de 160 a 180 pessoas por ano, além de manter mais de 600 pacientes em acompanhamento pós-alta devido a complicações e incapacidades físicas provocadas pela doença. O tratamento é realizado nos serviços de saúde gratuitamente e sem necessidade de internação. Vale lembrar que a doença, que é causada pelo bacilo de Hansen, afetando a pele e os nervos, tem cura.

Queda na incidência reflete ações de prevenção e controle

De acordo com Carlos Tadeu Maraston Ferreira, coordenador do Programa Municipal de Controle de Hanseníase (PMCH) da Covisa, os resultados alcançados refletem as estratégias de controle, prevenção, diagnóstico e aconselhamento sobre a doença junto à população, ações que são realizadas continuamente no município. “Os avanços que tivemos seguem as políticas públicas de controle pautadas em três pilares: educação, divulgação de informação sobre os sinais da doença e manutenção da rede assistencial”, avalia.

Uma das estratégias adotadas pela capital é a descentralização da vigilância. Mediante a autorização do paciente, é realizada uma visita em sua residência para verificar se outros moradores podem ter contraído a doença. Também é feita a verificação da vida pregressa – dos últimos cinco anos – para identificar contatos que podem indicar onde que a hanseníase foi contraída e a possibilidade de transmissão para outras pessoas: “Por exemplo, se a pessoa vive em Santana, mas conviveu com alguém que mora no Jabaquara, a vigilância em saúde de Santana irá informar a vigilância em saúde do Jabaquara para localizar a pessoa que teve contato e verificar se houve transmissão”, explica o coordenador.

Atendimento na rede municipal

Para identificar sinais da doença, é importante estar atento ao próprio corpo. A hanseníase manifesta-se por meio de manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, dormentes, em qualquer parte do corpo. “A mancha é caracterizada pela diminuição ou perda de sensibilidade (ao tato, dor ou térmica) da pele. Ela varia de tamanho e aparece principalmente nas coxas, nádegas e costas, consideradas áreas frias do corpo”, orienta o coordenador do PMCH, Carlos Ferreira.

Diante de um sinal ou sintoma suspeito da hanseníase, o indicado é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação inicial e, de onde, se for necessário, a pessoa será encaminhada a uma Unidade de Referência de Hanseníase (URH). 

A capital conta com 30 URHs para o tratamento dos pacientes e seus familiares, com equipes multiprofissionais capacitadas e especializadas para atuarem nas assistências, vigilância e controle da doença.

De acordo com Carlos, um dos desafios do trabalho das equipes de saúde é justamente enfrentar o estigma que ainda cerca a doença. “No passado, a hanseníase era conhecida como lepra e, como era diagnosticada tardiamente, causava mutilações e deformações nas pessoas. Por isso, quanto mais informação e orientação, mais teremos condições de entender e identificar rapidamente a doença, fazer o encaminhamento correto e iniciar o tratamento em tempo oportuno, conforme o fluxo de atendimento e linhas de cuidado”, reforça.

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