No dia 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, uma data importante para reconhecer a luta e a resistência da população negra ao longo de sua história. O dia foi escolhido em homenagem a Zumbi dos Palmares, figura emblemática da resistência negra no país e um dos líderes do Quilombo dos Palmares, símbolo da luta contra a escravidão no Brasil colonial.
A data foi instituída oficialmente em 2003, mas só em 2011 passou a ser feriado em alguns estados e municípios brasileiros. Ela não só marca uma homenagem a Zumbi, mas também é um momento de reflexão sobre as contribuições, desafios e a história dos negros no Brasil. “O Dia da Consciência Negra é essencial para reconhecer as injustiças históricas que a população negra enfrenta e para valorizar a sua cultura e luta”, comenta o professor de História Pedro Rennó, da plataforma Professor Ferretto.
Além de Zumbi, outras figuras negras marcaram a história do país com suas lutas e legados. Saiba quem foram alguns deles:
Dandara dos Palmares
Dandara dos Palmares foi uma guerreira e líder dentro do próprio Quilombo dos Palmares, ao lado de Zumbi. Ela foi uma mulher que desafiou as normas de sua época, atuando na linha de frente das batalhas contra os soldados coloniais e defendendo o quilombo com habilidades de combate. “Dandara também se dedicou a criar estratégias para o desenvolvimento da comunidade quilombola, promovendo a autonomia e a preservação das tradições africanas. Sua história representa a força e a coragem das mulheres negras na luta pela liberdade e pela preservação da identidade cultural afro-brasileira”, diz Rennó.
Luiza Mahin
Luiza Mahin foi uma importante figura no movimento de resistência negra do século XIX. Nascida livre na África e trazida ao Brasil, Mahin foi uma das organizadoras da Revolta dos Malês, uma insurreição de escravizados muçulmanos que aconteceu na Bahia em 1835. “A figura de Luiza Mahin representa a resistência cultural e religiosa da população negra contra a imposição de valores coloniais e a luta ativa por liberdade e justiça”, conta Rennó.
Dragão do Mar
Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar, foi um líder abolicionista cearense que lutou pelo fim do tráfico de escravos. Marinheiro e prático de navio, ele se destacou em 1881 ao se recusar a transportar escravizados nos portos do Ceará, ato que paralisou o comércio de escravos na região.” Essa resistência teve grande impacto, tornando o Ceará o primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão em 1884. Dragão do Mar é lembrado como símbolo da luta abolicionista e da resistência aos sistemas opressivos que sustentavam a escravidão no Brasil”, explica oprofessor.
Luiz Gama
Luiz Gama foi um advogado, jornalista, poeta e ativista abolicionista que usou suas habilidades legais e intelectuais para lutar pela liberdade de milhares de escravizados no Brasil. Filho de uma africana livre, foi vendido como escravo pelo próprio pai ainda criança, mas conseguiu sua liberdade na juventude. “Luiz Gama foi um dos primeiros e mais influentes advogados negros do país, defendendo judicialmente a liberdade de mais de 500 escravizados com base em argumentos legais que contestavam a legitimidade da escravidão”, conta Rennó.
Maria Felipa
Maria Felipa de Oliveira foi uma heroína da luta pela independência do Brasil na Bahia. Nascida em uma comunidade quilombola em Itaparica, no século XIX, ela era marisqueira e se destacou durante a Guerra da Independência contra as tropas portuguesas. “Maria Felipa liderou um grupo de mulheres negras, indígenas e pescadores que incendiaram embarcações portuguesas para enfraquecer o inimigo e impedir a chegada de reforços. Ela também é lembrada por sua habilidade em mobilizar e liderar uma comunidade para lutar pela liberdade”, diz Rennó.
Para o professor, a importância do Dia da Consciência Negra vai além da celebração e do reconhecimento dos ícones históricos: “É um momento para refletirmos sobre o presente. É fundamental que a sociedade entenda o peso do racismo estrutural e promova a inclusão e a justiça social, diz.”
Hoje, a data é lembrada em escolas, universidades e instituições culturais em todo o Brasil, onde são realizadas palestras, debates, apresentações culturais e homenagens. O objetivo é promover o debate sobre o impacto da escravidão e do racismo, além de inspirar as novas gerações a darem continuidade à luta por igualdade e respeito.