Artista do Jabaquara fará grafite gigante em prédio do CDHU sobre o papel das matriarcas nas famílias

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O grafite "Enraizadas" ocupará uma área de 236,25m² (Simulação gráfica: Mimura Rodriguez)

Uma avó com as marcas dos anos vividos em seu rosto. Uma mãe que amamenta o filho como pode e outra que carrega o bebê a tiracolo em meio ao dia de labuta. No fundo, galhos e raízes de árvores que contam uma história sobre o ciclo perene de famílias lideradas por mulheres, nas quais filhas encaram a maturidade de virar mães, que depois tornam-se avós.

Esta é a imagem que estampará os muros de um conjunto habitacional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. A pintura está sendo feita pela artista e grafiteira Mimura Rodriguez, nascida no Jabaquara.

“Enraizadas apresenta a árvore em suas raízes, seu fruto e sua flor. Com uma poética que sugere não somente a beleza, mas também a dureza e secura de muitas partes desse processo. O ciclo. O eterno retorno”, detalha a artista da obra.  Cada criança que nasce é um ancestral que retorna. Estou aqui porque já estive em todas as partes”, completa.

O grafite começará a ser pintado na próxima segunda-feira (27) e deve levar cerca de 10 dias para ser finalizado. A pintura foi selecionada pelo projeto Museu de Arte de Rua (MAR), da Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura de São Paulo. Com nota 106,3, a obra “Enraizadas” foi classificada em 7° lugar, na categoria “Altura”, com o tema “Maturidade”.

A obra ocupará uma área de 236,25m², dos muros do Bloco 04-B do Condomínio Vitória, na Rua Manuel Rodrigues Santiago, 88D. Mimura explica que o local escolhido para a pintura também se conecta diretamente com a proposta poética da obra, já que os paredões do conjunto habitacional abrigam histórias duras de diversas mulheres periféricas que ali vivem.

Fruto de um relato pessoal, o desenho se conecta também com a história de sua própria criadora. Atuante no mundo das artes desde 2012, Mimura se tornou mãe em 2020, aos 31 anos e em meio à pandemia. Ao viver o maternar de sua filha e se conectar com a avó, que está morando com sua mãe, Mimura passou a ter as “mulheres” como o foco de suas obras. “Tenho aprendido muito sobre a potência das mulheres e como sustentamos nossa comunidade em diversos aspectos, mesmo que estes não sejam tão valorizados quanto deveriam. Tento trazer a força da ancestralidade, essa que não é apenas sobre parentes que viveram há muito tempo, mas também sobre os que estão aqui conosco”, comenta a grafiteira, explicando que, em sua arte, é a esses elementos que busca dar visão e voz.

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