Os pais conhecem como é a expectativa para chegada de um bebê – os medos, a ansiedade, o receio e a curiosidade, os preparativos e os (muitos) palpites alheios. Com o especialista em tecnologia assistiva, Leonardo Ferreira, 33 anos, o turbilhão de emoções não foi diferente e veio somado a uma condição que resultou em uma experiência única na relação entre pai e filho: a deficiência visual.
Antes de conhecer sua esposa Camila Domingues, que também é cega e professora em uma escola pública em Francisco Morato (SP), Leonardo sofreu de uma doença congênita degenerativa que resultou na deficiência visual e até cegueira total. Natural de Carnaíba (PE) e morador de São Paulo, ele teve uma vida marcada por muitas lutas e conquistas, mas a maior delas foi a paternidade. “Sempre tive vontade de ser pai, tanto que logo depois que perguntei se a Camila gostaria de namorar comigo, já fui lançando a segunda questão: ‘você pretende ter filhos?’”, explica.
Quase seis anos depois de se conhecerem, Camila ficou grávida de Gustavo, o que foi algo totalmente esperado e programado. De acordo com Leonardo, antes do resultado positivo do teste de gravidez, ele já sabia que o bebê estava a caminho, mas junto com a confirmação e a felicidade por finalmente realizar esse nosso sonho, veio o medo e a insegurança. “Enquanto a criança é só um sonho, tudo é muito mais fácil, pois está na nossa cabeça, mas quando esse sonho está prestes a virar realidade e você começa a entrar em contato com as dificuldades práticas do dia a dia, tudo começa a ficar um pouco diferente”.
O consultor também conta que passou a buscar por informações sobre a relação entre a deficiência visual e a paternidade, além de participar de treinamentos e projetos assistenciais específicos para práticas de atividades da vida autônoma na Laramara. “A verdade é que – independentemente das dificuldades e da deficiência visual, ser pai é muito bom. Não existe preconceito, a criança só está interessada em ser amada, alimentada, cuidada e dormir no aconchego do colo de alguém que a ama. Mesmo com limitações físicas ou sensoriais, o carinho da criança e o aprendizado é diário”, finaliza.
Para Anderson Almeida, assistente social da Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, “pensar em constituir uma família e casar é o desejo de jovens e adultos com ou sem deficiência. Porém, para a sociedade entender, aceitar e respeitar este princípio da Dignidade da Pessoa Humana em relação às pessoas com deficiência, é preciso um trabalho constante para uma mudança de paradigma, na perspectiva do direito e da inclusão social.”
Em 8 de agosto, quando comemoramos o Dia dos Pais, histórias parecidas a de Leonardo Ferreira e Camila Domingues são comuns na Laramarae são fonte de inspiração para outras famílias. Para ajudar pais e mães com deficiência visual, a instituição conta com uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, psicólogos e professores, pedagogos e profissionais que oferecem atendimentos específicos de atividades de vida autônoma, entre outros.
Como apoiar os projetos assistenciais da Laramara: Com a eclosão da COVID-19, a doação para programas da Laramara que asseguram o acesso ao atendimento especializado para mães e crianças com deficiência visual caíram drasticamente. Para minimizar os efeitos nocivos da crise econômica, a instituição busca o apoio da sociedade, das empresas e do Estado com a intenção de manter seus projetos assistenciais.
Formas de ajudar: Imposto de Renda – Uma forma simples é a destinação de uma porcentagem, 1% para empresas e até 6% para pessoas físicas, do Imposto de Renda Devido. Quem estiver com o imposto para restituir também pode realizar doações pelo aplicativo do IR, dessa forma o contribuinte não tem nenhum custo extra.
Você também pode entrar em contato para conhecer os inúmeros projetos da Laramara para que a instituição continue atendendo centenas de pessoas mensalmente de forma gratuita ou, se preferir, pode acessar o site www.laramara.org.br/doe e fazer sua doação.
Laramara trouxe para o Brasil a fabricação da máquina braile e da bengala longa, indispensáveis para a educação e a autonomia da pessoa cega. Buscando a inclusão profissional de jovens, adultos e idosos com deficiência visual, ampliou seu projeto socioeducativo em 1996, realizando atendimento para essa população.