E a saga para a construção do terminal Jardim Miriam continua e mais uma vez o local onde aconteceria a obra foi alterado. Desde 1980 segue as propostas para a construção do terminal, mas a implementação do empreendimento afeta diversos moradores da região. A princípio a primeira proposta seria na Rua Leopoldo Lugones, porém os moradores e lideranças da Igreja local intervieram, pois seriam desalojados para poder dar início a construção.
Devido a isso, o local foi mudado novamente. Entre os anos de 2010 e 2017 foi realizado estudos na região, mas devido a leis ambientais criadas em 2017, houve a necessidade de mudar o lugar da construção do terminal. Anos se passaram e o futuro terminal virou o centro das atenções nos últimos meses e a SPTrans seguiu alguns requisitos para implementar o terminal na região, como: ser localizado próximo a Av. Cupecê; ter uma medida aproximada da ideia inicial; ser um terreno plano, dentre outras premissas.
Com esses pré-requisitos foram escolhidas as ruas Rua Gomes de Amorim, Luís Stolb e Francisco Alves de Azevedo, nisso cerca de 126 residências seriam afetadas. Inconformados com a situação, os moradores de tais casas, reivindicaram seus direitos e conseguiram reverter o quadro e mais uma vez o local para a futura construção foi alterado.
No início deste ano, a SPTrans anunciou um novo local inicial, que é na Av Cupecê, na altura da Luís Stolb até quase a região do piscinão, pegando o início da Álvares Fagundes. Nessa nova localização para instalação do equipamento, segundo a SPTrans cerca de 30 imóveis serão desapropriados, em média três famílias perderão suas casas, sem mencionar os pequenos comerciantes, que também serão prejudicados com o empreendimento.
Na terça-feira (23/05), foi realizada uma audiência pública, cujo assunto principal foi a desapropriação de cerca de 21 mil m² para a instalação do terminal urbano. A audiência foi requerida através do vereador Sansão Pereira (Republicanos), alegando que a área que abrigaria o futuro terminal é ocupada principalmente por residência e pequenos comércios.
O vereador Atílio Francisco (Republicanos) disse estar preocupado além das famílias afetadas, com os “impactos que o desemprego pode gerar. Nós não sabemos quanto tempo pode durar a construção e se vão trabalhar dentro do novo terminal profissionais da região ou de fora”, avaliou Atílio. Já o vereador Rodrigo Goulart (PSDB) falou da importância de entender os locais que serão desapropriados, embasados pela avaliação técnica. “A ideia é ter o maior impacto positivo e o mínimo de danos causados pela construção do terminal Jardim Miriam”, afirmou o parlamentar.
Por outro lado, a superintendente de planejamento da SPTrans (São Paulo Transporte S/A, Jeanete Laginhas, disse que “nós consideramos que 227 mil pessoas vão se beneficiar pela infraestrutura, porque é o local onde as linhas se conectam”, explicou a superintendente. A responsável pela Assessoria de Planejamento Ambiental da SPTrans, Janaina Decarli destacou que o pedido para a ampliação do serviço de transporte se dá por conta da maior mobilidade dos ônibus em relação a outros modais, como metrô e trem. Ainda segundo ela, o serviço atende, em maior escala, a população de baixa renda.
Da mesma forma, Michael Castelo, superintendente de Infraestrutura da SPTrans, garante que há preocupação com o desenvolvimento da sustentabilidade social e, principalmente, em minimizar o número de desapropriações possíveis. “A ideia é que seja estudado a implantação de painéis fotovoltaicos para que possamos gerar energia de forma socioambiental e minimizar os impactos na região. Vamos tentar implantar o melhor projeto possível atendendo a todos de forma dinâmica”, explicou.
Os munícipes por sua vez se manifestaram contestando o estudo realizado pela equipe técnica. De acordo com o comerciante Fábio Lima, a região possui outros locais para a implantação do terminal, a qual foi entregue para o vereador Atílio Francisco, cinco possíveis endereços para a construção e que gerariam menos impactos na vida dos moradores.
Para a SPTrans, o local é oportuno para a construção, já para os moradores e comerciantes locais, na região possui outros endereços propícios para a construção do futuro terminal Jardim Miriam. Com isso a saga desse empreendimento que se arrasta há anos continua.
Os moradores e comerciantes afetados pelo novo trajeto continuam em busca de alterações para futura instalação, alegando “que o terminal deverá estar no Jardim Miriam e que o atual projeto não estará atendendo os moradores e transeuntes da região” e continuarão com o abaixo assinado e manifestações.