Especialista orienta sobre o processo de elaboração do luto e como lidar com essa e outras datas comemorativas que podem aflorar sentimentos de perda e saudade
No próximo dia 12 de maio (domingo) é comemorado o “Dia das mães”, data marcada por celebrações e demonstrações de afeto. No entanto, para aqueles que já perderam um ente querido, seja a mãe que perdeu um filho, ou o filho que perdeu a mãe, pode ser um momento de tristeza e solidão.
“O luto é um processo de elaboração psíquica diante de um rompimento de vínculo significativo. É um processo normal, esperado e individual, que pode desencadear reações de ordem física, emocional, social e espiritual”, explica Raquel Alves, psicóloga especialista em luto e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital e Maternidade São Luiz Campinas.
A especialista destaca que é importante validar a dor e o sofrimento para elaboração do luto, permitindo que a pessoa assimile, integre e acomode este sentimento. “Havia um vínculo estabelecido ali, uma dupla que tinha sonhos, expectativas e planos, e tudo isso se desfez diante dessa ruptura”, lembra Raquel.
Neste momento, que pode se repetir em outras datas comemorativas, principalmente finais de ano, cobranças e exigências impostas socialmente, como questionar o tempo de luto e a demora em superar, não favorecem o processo, que é normal e esperado, além de torná-lo ainda mais cruel e doloroso ao enlutado.
“A vida segue, é verdade. Mas, será que nós seguimos iguais após vivenciar a ruptura de algo tão importante como perda de um filho ou uma mãe? Por que a pressa para se readaptar a essa nova realidade? Por que acelerar esse processo ou se forçar a comemorar uma data festiva, quando ela não faz sentido?”, questiona a psicóloga do São Luiz Campinas, da Rede D’Or. “É essencial ter empatia e respeito em relação ao sentimento alheio”, complementa.
As perguntas levam a outro ponto importante: o luto não tem tempo. “Essa ideia de tempo é perigosa, uma vez que cria a ilusão de que se trata de uma doença, que tem ou precisa de cura em determinado prazo”, alerta Raquel.
Nos casos de perda a orientação é que cada um vivencie o dia como preferir e se sentir mais seguro e confortável. “Cabe a cada um dar um novo sentido para a data. O importante é se permitir viver o luto e enfrentar a data do jeito que fizer mais sentido, afinal, é um processo íntimo e individual”, compartilha a especialista, que separou algumas dicas de como lidar com o luto neste Dia das Mães.
– Aproveite o momento para reviver memórias felizes;
– Ouça músicas que te tragam aconchego ou lembre positivamente o ente querido;
– Cozinhe algo especial que vocês costumavam comer juntos, ou o prato favorito da pessoa;
– Se preferir, fique em silencio e acolha sua saudade. Não se sinta pressionado a comemorar uma data se este não for o seu desejo no momento;
-Também há aqueles que preferem se distrair com outras atividades ou tratar o dia como outro comum. Sinta-se livre para fazer atividades que mais lhe agradam.
“O importante passar pelo processo de assimilação da perda, integração da experiência e então, acomodação, quando sentimos que podemos falar da pessoa que se foi sem tanta dor ou sofrimento”, finaliza Raquel Alves.
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