Foguetes de garrafas PET impulsionam o ensino e os vínculos escolares.
Os alunos da Escola Estadual Salvador Moya lançaram suas primeiras experiências científicas rumo ao céu, durante a primeira fase da 28ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e da Mostra Brasileira de Foguetes (OBAFOG), que promove o ensino de ciências de forma lúdica e experimental.
Com criatividade e espirito de equipe, os alunos do 6º ao 9º ano do ensino Fundamental da Salvador Moya dedicaram- se à construção de foguetes. Usando garrafas PET, água e uma bomba de ar, a atividade uniu sustentabilidade e conhecimento científico, transformando uma simples atividade escolar em uma experiência de aprendizado marcante. Ao todo, 45 alunos participaram, organizados em equipes de três integrantes por sala. Os lançamentos dos foguetes aconteceram no dia 09 de maio, no campo de futebol do Sesc Interlagos. Já a prova teórica, que avalia os conhecimentos adquiridos na prática, foi aplicada no dia 16 de maio, na própria escola.
A OBA foi criada em 1998 pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), com o objetivo de popularizar o conhecimento astronômico e despertar o interesse de crianças e adolescentes pelas ciências espaciais. Em 2005, nasceu a OBAFOG, como uma extensão prática da OBA, focada na construção de foguetes feitos com materiais acessíveis, como garrafa PET, água e bombas de ar. Ambas iniciativas envolvem escolas públicas e privadas de todo o país, promovendo ensino de Ciências e Astronomia de forma inclusiva, prática e envolvente.
Essa experiência fora das salas de aula deixou os alunos entusiasmados. A atividade estimula a criatividade, os desafia a resolver problemas e ajusta seus objetivos conforme observam os resultados. Além disso, essa abordagem prática desperta o interesse por áreas técnicas e cientificas, ampliando o horizonte profissional dos alunos ao apresentar possibilidades que muitas vezes não são exploradas em sala de aula.

Foguetes produzidos e lançados pelos alunos. Todos feitos com materiais recicláveis.
Para a professora de ciências Gabrielle Ferreira, 27, uma das coordenadoras da atividade, a participação na OBA e na OBAFOG tem um significado especial. “Eu já tinha participado quando era estudante do ensino fundamental e aquilo me marcou muito. Quando virei professora, quis trazer isso para meus alunos”, contou. A memória afetiva que carrega da sua própria experiência impulsionou seu compromisso em tornar o ensino de Ciências mais vivo e próximo dos estudantes. “Acredito que ensinar Ciências vai muito além da sala de aula, e com a OBA consigo mostrar de maneira prática os conhecimentos de astronomia.”. Essa conexão pessoal fez da olimpíada mais que um evento escolar: tornou- se uma oportunidade de inspirar novas gerações, assim como ela mesma foi inspirada anos atrás.
A participação da escola nessa atividade só foi possível graças ao empenho de uma equipe de professores e gestores que, mesmo enfrentando limitações de recursos, se dedicou para oferecer aos alunos uma experiência enriquecedora. Além da professora Gabrielle, a coordenação teve apoio essencial da professora Andreia de Freitas (também de Ciências), do professor Diego Vieira (Matemática) e da professora Kátia Constantino (Português). Juntos, com o suporte do coordenador Abílio Xastre, do vice- diretor Pedro Pachinski e do diretor George Loyolla, os educadores mostraram que, quando há compromisso e colaboração é possível levar projetos inspiradores adiante. A realização da atividade também contou com ajuda do deputado estadual Fábio Faria de Sá, que viabilizou o transporte gratuito que permitiu aos estudantes participarem dos lançamentos dos foguetes. Para os estudantes, ver seus professores envolvidos de forma tão próxima em uma atividade prática e desafiadora reforça o sentimento de confiança – elemento fundamental para fortalecer os vínculos entre aluno e escola.

Equipe de professores que coordenaram a atividade junto à alguns alunos que participaram dos lançamentos.
Essa mobilização para a realização da OBA e da OBAFOG na escola Salvador Moya representa um gesto coletivo de valorização do ensino e da capacidade dos alunos, um momento de integração e pertencimento para a comunidade escolar. Ao envolver alunos em uma atividade que exige criatividade, cooperação e aplicação prática do conhecimento, os professores tornam- se verdadeiras pontes entre o saber acadêmico e a vida dos estudantes, despertando neles o desejo de aprender e explorar novas possibilidades. O vínculo entre a escola, professores, alunos e responsáveis se fortalece e o ambiente escolar se torna mais participativo, acolhedor e comprometido. Em tempos que a educação pública enfrenta tantos desafios, ações como essa mostram que é possível construir experiências transformadoras com engajamento, dedicação e propósito coletivo.