A Subprefeitura do Jabaquara abriu processo administrativo para apurar denúncia do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz do Jabaquara (CADES-JA), a respeito da destruição de uma área arborizada situada no canteiro central da Avenida Cupecê, em frente ao Parque Nabuco. O CADES-JA já havia feito manifestações e registros oficiais acerca do problema em fevereiro de 2023.
A área pertence ao Sistema de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres da cidade. O CADES-JA recebeu diversas denúncias de degradação da área provocada por uso inadequado do local, transformado em depósito de rejeitos sólidos, área de passagem de veículos pesados, local de guarda de materiais de obras realizadas próximas ao local pela Sabesp e contratados, em plena afronta às legislações ambientais federais, estaduais e da cidade de São Paulo.
O CADES promoveu uma vistoria no local, com a presença de 4 conselheiros. A área, delimitada por tapumes metálicos, revela ilegalidades, pela destruição da paisagem, fauna, flora e do patrimônio imaterial da cidade. A vistoria também constatou risco aos veículos passantes, já que tratores e caminhões com caçambas transitam pela contramão da av. Cupecê para sair do local e problemas de lixo no entorno e insegurança.
As árvores desempenham inúmeros benefícios ambientais, como redução impacto águas pluviais, proteção do solo e combate à erosão, sequestro de carbono, remoção de particulados do ar com melhoria e umidade (uma árvore isolada pode transpirar até 500 l de água por dia), diminuem as consequências da insolação direta e combatem as ilhas de calor. São essenciais na adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Além disso representam abrigo para a fauna e biodiversidade e promovem saúde física e mental das pessoas, com mudanças positivas no estado psicológico, no sistema fisiológico, funcionamento cognitivo e comportamental das pessoas, dentre outros benefícios.
O local pertenceu ao próprio Parque Nabuco, é um fragmento de Mata Atlântica nativa, onde há cerca de 25 árvores, sendo pelo menos 7 da espécie pau-ferro de porte adulto, uma grande palmeira entre outras. Tal importância da flora foi ignorada e a área passou a ser utilizada como canteiro de obras e a ser tratada como depósito de materiais e rejeitos e área para veículos, materiais e maquinário, em detrimento do meio natural e paisagem urbana. Foram encontrados ali depósitos de canos, manilhas, caçambas, estão jogados no local e apoiados nos troncos de árvores de grande porte, restos de construção e de asfalto, além de rejeitos do córrego do Cordeiro, resultado de uma obra iniciada em 2020, com prazo de 18 meses. Ainda há muita movimentação de caminhões e máquinas no local, e nenhum sinal de recuperação ambiental.
Durante meses, montes de entulho de até cinco metros de altura foram depositados na área, cobrindo o colo de árvores adultas. Muitos danos foram constatados na vistoria feita pelo CADES no solo, em troncos de árvores, que apresentam lacerações e exposição do cerne, expostas a riscos de doenças causadas por fungos e patógenos. Várias árvores apresentam arrancamento de troncos, causado por impactos de retroescavadeiras e caminhões que transitam irregularmente dentro da área. Alguns exemplares arbóreos já se encontram mortos no local. Há também um talude desnudado, que oferece risco de desabamento à uma palmeira de grande porte, por falta de suporte de solo. Os conselheiros do CADES-JA também constataram a presença de detritos que, em período de chuvas, provavelmente vão ocupar as bocas de lobo da avenida Cupecê, além de um solo desgastado e coberto de restos de entulhos e detritos.
Além das denúncias das ilegalidades no uso da área e danos às árvores, foram constatados danos para fora da área de tapumes, nos jardins e árvores do entorno, que apresentam grande quantidade de lixo e moradores em situação de rua, além de aumento da criminalidade.
Em 11 de dezembro o CADES Jabaquara encaminhou a manifestação ao Ministério Público contatando, que os responsáveis seriam a “SABESP” e a empresa “Allonda Ambiental”, que estariam realizando as obras e soterrando as árvores.
Em contato com a Subprefeitura da Cidade Ademar através da assessoria de impresa segue o retorno abaixo na integra.
Por meio do processo SEI 6034.2023/0000478-9, a Subprefeitura segue encaminhando a demanda e seus desdobramentos, bem como fotos e vídeos, para análise e providência da SIURB sempre reiterando a urgência e atenção que o caso requer, desde fevereiro de 2023, quando o Subprefeito Rogério Balzano teve conhecimento da situação.
A Subprefeitura seguirá à disposição, acompanhando e prestando os serviços e orientações que são de sua competência e responsabilidade.