Por Thiago Massicano
Assim como a Inquisição Espanhola marcou um período obscuro da história, a era digital nos confronta com a “Inquisição Digital”, onde a livre opinião e a exposição de pessoas na internet, sem controle adequado, têm consequências devastadoras.
Assim como a verdade muitas vezes era subjugada durante a Inquisição Espanhola, em meio a perseguições e desinformação, hoje testemunhamos a disseminação de informações falsas e difamatórias que podem queimar reputações e danificar a integridade das pessoas.
O caso traz impactos sociais e éticos, mas também implica questões legais complexas. A falta de controle sobre o que é compartilhado pode resultar em sérias consequências jurídicas para as vítimas de calúnias, difamações e violações de privacidade.
A Inquisição Espanhola foi caracterizada pela perseguição e tortura daqueles que desafiavam a narrativa oficial ou questionavam as crenças estabelecidas. Da mesma forma, a internet proporciona uma liberdade de expressão sem precedentes. Contudo, essa liberdade sem controle adequado abre caminho para a propagação de notícias falsas e teorias da conspiração, prejudicando a busca pela verdade e comprometendo a integridade da informação.
Nessa “Inquisição Digital”, plataformas de mídia social e sites de compartilhamento de conteúdo muitas vezes priorizam o engajamento e a “viralidade”, em detrimento da veracidade das informações. Esse fenômeno resulta nas chamadas “bolhas de filtro”, onde as pessoas são expostas apenas a conteúdos que reforçam suas crenças, aprofundando as divisões sociais e dificultando a formação de um consenso baseado na verdade.
Em paralelo à Inquisição Espanhola, em que os indivíduos eram perseguidos mesmo após a morte, a exposição negativa na era digital pode assombrar alguém indefinidamente, causando danos duradouros à sua reputação e memória.
O cenário digital, assim como o da Inquisição Espanhola, também tem implicações legais complexas. As vítimas de calúnias e difamações podem buscar reparação por danos à sua reputação, mas a abordagem legal enfrenta desafios quando se trata da internet global e da natureza anônima de alguns usuários.
A disseminação de desinformação na Internet não apenas traz impactos sociais e éticos, mas também implica questões legais complexas. A falta de controle sobre o que é compartilhado on-line pode resultar em sérias consequências jurídicas para as vítimas de calúnias, difamações e violações de privacidade.
Para enfrentar essa “Inquisição Digital”, é essencial que as plataformas digitais assumam uma maior responsabilidade na moderação do conteúdo compartilhado em suas redes. Algoritmos devem ser aprimorados para priorizar informações precisas e confiáveis, enquanto equipes humanas, especializadas, devem ser empregadas para revisar e verificar materiais potencialmente prejudiciais. O incentivo ao pensamento crítico e à educação digital ajudará a construir uma sociedade digital mais consciente e ética.
Thiago Massicano, especialista em Direito Empresarial e do Consumidor, sócio-presidente da Massicano Advogados e presidente eleito da OAB Subseção Tatuapé. Acompanhe outras
informações sobre o Direito Empresarial e do Consumidor no site www.massicano.adv.br, que é atualizado semanalmente.