Campanha Janeiro Roxo propõe a conscientização sobre a doença tão antiga quanto a Bíblia e ainda cercada por preconceitos
Uma das doenças mais antigas da história, citada até na Bíblia, a hanseníase (ou lepra) compromete a pele e os nervos, a força e a sensibilidade. O preconceito contra ela deve ficar no tempo dos apóstolos, porque a ciência já descobriu a cura para essa doença infectocontagiosa causada por uma bactéria, o bacilo de Hansen.
E mais, o tratamento da hanseníase é realizado nos serviços de saúde da rede municipal, gratuitamente, de forma simples e eficaz, sem necessidade de internação. Mas o diagnóstico precisa ser precoce para minimizar os riscos de sequelas.
A hanseníase é transmitida de pessoa para pessoa por secreções das vias respiratórias (nariz e boca) e de um contato íntimo e prolongado com um doente sem tratamento. A evolução da doença é lenta: após o contágio, os sintomas podem levar de 2 a 10 anos para se manifestar.
A maioria das pessoas tem resistência natural e não fica doente mesmo tendo contato com pacientes acometidos. Para um diagnóstico precoce, é necessário que os profissionais da saúde estejam preparados e que a população fique atenta para os sinais e sintomas iniciais da hanseníase.
Assim que iniciada a primeira dose do medicamento, o tratamento interrompe a cadeia de transmissão da doença. O processo leva de seis meses a um ano, mas os pacientes podem conviver normalmente com sua família, seus colegas de trabalho e amigos, sem nenhuma restrição.
Janeiro Roxo
O Janeiro Roxo é uma campanha nacional de conscientização e visa informar à população que não há motivo para ter medo ou vergonha da hanseníase.
Na capital, as coordenadorias regionais da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) se organizam e fazem ações diárias de busca ativa nas unidades de saúde e atuam na divulgação de material de sinais e sintomas. Na Semana H, que este ano ocorre entre os dias 22 e 29 de janeiro, a ação chega também a locais de grande circulação.
Desde 2000, o município de São Paulo cumpre o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a prevalência para menos de um caso por dez mil habitantes. Em 2019, 119 novos casos da doença foram diagnosticados na cidade, sendo que aproximadamente 50% das pessoas apresentaram algum tipo de incapacidade no diagnóstico.
Atualmente, a Secretaria Municipal da Saúde tem 159 pacientes em tratamento de hanseníase e mais de 1.500 em acompanhamento pós-alta.
O tratamento para a hanseníase é oferecido gratuitamente em 28 Unidades de Vigilância em Saúde (Uviss), unidades de referência específicas de atendimento e tratamento na rede municipal. O tratamento, a base de medicamentos, é simples, eficaz e cura os pacientes, além de ser a única forma de interromper a cadeia de transmissão da doença.
Sinais de alerta
– Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou em tons de marrom. Elas podem aparecer em qualquer parte do corpo e apresentar perda ou alteração de sensibilidade ao calor e ao frio, ao toque e até à dor. As manchas podem surgir principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
– Diminuição da sensibilidade ou formigamento de mãos, pés ou olhos (extremidades). Por não sentir dor, o paciente pode se ferir ou se queimar, e desenvolver complicações como úlceras e infecções locais;
– Diminuição ou perda de força muscular em mãos, pés e pálpebras. Isso pode levar à queda de objetos das mãos, andar arrastado, dificuldade em piscar ou fechar as pálpebras que leva ao ressecamento dos olhos; – Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
– Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; – Inchaço de mãos e pés e úlceras de pernas e pés; – Febre, edemas e dor nas juntas; – Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
Peça ajuda
Nas costas, nádegas e na parte traseira das coxas fica mais difícil perceber manchas na pele. Por isso, com certa frequência, peça para alguém verificar qualquer mancha nestas partes do corpo, sejam esbranquiçadas ou avermelhadas e com diminuição da sensibilidade.
Peça para alguém passar uma tampa de caneta, um lápis ou a ponta dos dedos e perceba se você sente o toque e o movimento do objeto. Na dúvida, procure a UBS mais próxima à sua casa ou trabalho.
Foto: Divulgação/ EBC