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Projeto na Favela do Vietnã capacita moradores a produzir arte com o material descartado no lixo

Transformando Lixo em Arte, iniciativa do Instituto RIA, será finalizada com uma mostra no dia 13/12, em que as peças produzidas serão comercializadas a partir de R$ 1,00

Um projeto realizado na comunidade da Favela do Vietnã vem promovendo a capacitação de moradores para que o material descartado como lixo seja transformado em artesanato e vendido, contribuindo assim para o aumento da renda desta comunidade. Trata-se da Transformando Lixo em Arte, iniciativa promovida pelo Instituto RIA (Respeito Inclusão Acessibilidade).

E o resultado deste importante trabalho estará à disposição do público na mostra que ocorre no dia 13 de dezembro, sábado, a partir das 10h, na comunidade. As peças artesanais produzidas pelos moradores, além de roupas num brechó, poderão ser adquiridas por valores acessíveis, partindo de R$ 1,00. O evento contará ainda com atrações musicais, por meio do projeto Forró da Flor, que convidará as musicistas Caca Molgora e Paulla Zeferino. A entrada do público é gratuita.

Transformando Lixo em Artesanato

O projeto teve início em março de 2025, com a proposta de ensinar as moradoras da Favela do Vietnã a transformar o lixo coletado em artesanato, por meio de oficinas coordenadas pelo arte-educador Luiz Otávio Santos. Desta maneira, as mulheres interessadas – de diversas idades, muitas delas catadoras de material reciclável -, tiveram a oportunidade de, além de participar das oficinas, receber uma bolsa auxílio de R$ 250,00, para acompanhar as aulas, tendo como condição apenas a frequência absoluta.

Vale ressaltar que a iniciativa ocorre numa parceria com o projeto de alfabetização de adultos realizado pela associação Vietnã no Ar. “A ideia de ressignificar o lixo é uma metáfora para a vida das pessoas”, destaca Bruna Burkert, produtora cultural e idealizadora da iniciativa.

O projeto foi realizado em duas etapas. Um primeiro módulo, em que se definiram os materiais a serem utilizados no projeto: caixas de sapato, caixas de leite, tampinhas, CDs, entre outros. Em seguida, foram realizados encontros com um arte-educador para balizar propostas de objetos artísticos que seriam construídos.

Ao longo de seis meses, as participantes tiveram contato com as principais técnicas para a criação das artes, além das opções de objetos que poderiam ser construídos. Definidas as técnicas e os objetos possíveis, as alunas puderam escolher quais gostariam de fabricar em escala para as vendas.

As aulas também incluíram a presença de uma profissional de vendas para oferecer dicas de comercialização e valorização do produto. Um ponto importante: cada participante é beneficiada de maneira integral com o valor obtido com as vendas. No entanto, elas preferiram produzir os materiais juntas e, desta maneira, dividir o valor final entre todas.

Depoimentos

Dentre as participantes que tiveram a sua realidade transformada está Geni Rufino, de 63 anos, vinda do município de Limoeiro (PE). “Adorei me aprimorar e me encantei com a solidariedade do projeto, porque pude ajudar colegas que nunca tinham tido o contato com a arte”. Vale ressaltar que Geni possui uma habilidade nata, que foi desenvolvida pelo projeto ao ponto de ela mesma ministrar uma oficina remunerada ao longo do processo. Em outras palavras, Geni se descobriu também como educadora.

Já a participante Julinda da Silva, de 61 anos, nunca havia imaginado ser capaz de produzir tantas obras artísticas. “Eu também não sabia que conseguiria reproduzir este trabalho em casa também e levar isso para a minha vida, para o convívio com amigos e familiares”.

Por fim, Maria Estela Sales, de 47 anos e vinda da Paraíba, destaca que “nunca imaginaria produzir arte com materiais que sempre jogo no lixo”. Agora, ela pretende levar este aprendizado para a vida toda, tornando-o uma fonte de renda.

RIA

O projeto é promovido pelo Instituto RIA (Respeito Inclusão Acessibilidade), ONG criada em 2019 com objetivo de trabalhar as nuances da deficiência e fundada com base nos trabalhos de acessibilidade cultural coordenados pela produtora Bruna Burkert. No entanto, por conta do período de isolamento social causado pela pandemia, a organização ampliou a sua atuação, abraçando também as causas assistenciais. Por meio do convite do líder comunitário Francisco Vidal, a ONG teve contato com as catadoras de lixo da Favela do Vietnã (zona sul de São Paulo).

Mostra e Bazar – Transformando Lixo em Arte

Data: 13 de dezembro, sábado

Horário: das 10h às 15h

Endereço: Rua Franklin Magalhães, nº 73, Vila Santa Catarina

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